Decepção
Ao assistir o filme cujo título é Maré, Nossa História de Amor, de Lúcia Murat, a mesma diretora de Quase Dois Irmãos, de 2004 - um bom filme, que tem alguns problemas técnicos também, mas não tantos problemas quanto Maré, Nossa História de Amor - a sensação é de decepção.
Maré, Nossa História de Amor tem um orçamento de R$ 3.893.090,15, que não pareceu suficiente pelos problemas técnicos apresentados na telona.
O roteiro de Paulo Lins e Lúcia Murat é decepcionante por ser muito fraco, não diz a que veio. A analogia com Romeu e Julieta passou longe de ser justificada; os diálogos são confusos (mesmo aqueles que não foram improvisados), o que mostra que a direção de Lúcia Murat não estava firme junto aos atores. Deixá-los livres para o improviso seria uma boa solução para os atores fracos tecnicamente, mas faltou uma boa preparação para tal proposta.
O diretor de fotografia Lúcio Kodato usa de planos não justificados, como quando joga o foco da câmera para o alto, o que dá a entender que a intenção era usar algum efeito nesses planos, que tiveram de ser abstraídos, por falta de recursos, e usa película e vídeo numa mesma seqüência. É a partir daí que se começa a perceber que o recurso captado não foi suficiente.
A edição, que não é nada agradável, resolveu vários problemas, mais deixou outros. O fato de que a cada 10 minutos, aproximadamente, entra um grupo de rap rimando sobre o que aconteceu na cena anterior ou o que vai acontecer na cena que virá, mostra nitidamente que isto foi uma “solução” de edição. É muito desagradável ver que tal recurso foi usado pra “resolver o filme” de duas formas: fazer o filme ter o tempo desejado e tentar em vão explicar para o público a história. O cromaqui utilizado nas cenas desses rappers, além de não ter nada a ver com a linguagem do filme, é irritantemente parvo.
As coreografias de Graciela Figueroa e Sônia Destri não dizem nada combinadas com as músicas.
A direção de arte de Gringo Cardia é outra decepção, é outro fator que mostra que faltaram recursos - até os grafites são ruins.
A direção musical de Fernando Moura e Marcos Suzano é um fator para se bater palmas de pé. A seleção musical também é muito boa, com canções de Marcelo Yuka, Mr. Catra e Zé Kéti, entre outros.
Lúcia Murat teve três grandes iniciativas: fazer um filme musical, atitude pouco executada por aqui pelo Brasil; ter como protagonistas um casal multi-racial - Vinícius D`Black e Cristina Lage - bons atores que deram uma energia boa ao filme; e ter não atores no elenco principal - eles só deviam ter sido mais bem preparados pra executar tais funções.
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